Sopa dos Pobres completa 93 anos em Juiz de Fora; história começou com casal que comemorou aniversário da filha oferecendo lanche a pessoas carentes
16/06/2024
(Foto: Reprodução) Almoço é servido diariamente em casarão da Rua Santo Antônio, no Centro. Perpetuação do gesto de solidariedade depende de voluntários e doações de pessoas físicas e jurídicas. Fora do período de isolamento social, a Sopa dos Pobres vive cheia
Daniel Salomão Silva
Uma comemoração de aniversário que virou um dos mais longevos gestos de solidariedade em Juiz de Fora. Tudo começou em 1910, quando o casal Ludgero Moreira e a esposa Alcides, para comemorar o aniversário da filha, ofereceram um lanche a pessoas carentes.
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Em 5 de junho de 1931, o lanche passou a ser um jantar com distribuição de sopa diária, e a data passou a ser considerada oficialmente o início da Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres.
Daniel Salomão, presidente da Associação, destacou a perpetuação da iniciativa, que há décadas é abraçada pelos juiz-foranos:
"A gente oferece uma comida de muita qualidade, com muito carinho, a todos que se apresentam a nossa porta, sem qualquer discriminação. Além do almoço, a gente oferece diversos outros serviços de apoio aos usuários, no campo social, emocional, ocupacional, profissionalizante, dentre outros. Nestes 93 anos da Sopa dos Pobres, em primeiro lugar, agradecemos a ajuda que a instituição sempre recebeu".
Daniel reforçou também a necessidade de estimular as doações: "Deixamos claro que a instituição vive de doações, de pessoas físicas e jurídicas. Então, é importante a gente ter esse auxílio, ter essa divulgação do trabalho".
200 refeições diárias e outras assistências
O almoço gratuito é servido de segunda a sexta-feira, das 11h ao meio-dia, na Rua Santo Antônio, 110, no Centro. Conforme a instituição, são cerca de 200 refeições direcionadas a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Galeria Casal Ludgero e Dona Tita com fotografias de quem já atuou na Sopa dos Pobres
Sopa dos Pobres/Divulgação
Para compra dos alimentos e manter todas as atividades, o valor de custeio mensal chega a R$ 50 mil. Para que tudo chegue em perfeitas condições à mesa dos atendidos, é necessário também o trabalho cuidadoso de funcionários e voluntários:
"Os custos com mão-de-obra chegam atualmente a R$ 16 mil, pois temos agora oito funcionários. Nossos voluntários, em torno de 15, são também fundamentais para o funcionamento do trabalho. Contudo, levando em consideração todos os gastos da instituição, passamos dos R$ 50 mil mensais com cestas básicas, gêneros alimentícios, cursos profissionalizantes e manutenção. Tudo isso oriundo apenas de doações de pessoas físicas e jurídicas", ressaltou Daniel.
Além disso, a Associação oferece outros tipos de assistência, como distribuição de cestas básicas e programas de cursos profissionalizantes:
"A gente tem uma população em situação de vulnerabilidade relativamente grande. Destacamos o atendimento psicológico, o auxílio também em outras questões de saúde e a intensificação dos trabalhos do serviço social, que, por uma proposta de inclusão socioprodutiva, tem proporcionado cursos livres profissionalizantes gratuitos que permitem a reinserção do usuário no mercado de trabalho", explicou.
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Para ele, o feedback da reinserção no mercado de trabalho é justamente o que mais chama atenção:
"Com frequência temos retorno daqueles que conseguem melhorar sua moradia, mitigar seu frio ou sua fome, ou enfrentar suas questões emocionais. Contudo, os retornos que mais nos marcam são os que se referem à reintegração ao mercado de trabalho, acompanhada de reestruturação familiar, autonomia e recuperação da autoestima".
Como ajudar a Sopa dos Pobres
As doações podem ser feitas diretamente na sede da instituição, na Rua Santo Antônio, 110, no Centro, das 8h às 16h, ou por doações via PIX, cuja chave é a 21.618.418/0001-37.
Para outras formas de auxílio, a instituição sugere contato pelo telefone (32) 3211-8401.
Fachada do casarão que abriga a Sopa dos Pobres, em Juiz de Fora
Sopa dos Pobres/Divulgação
Segundo o presidente da associação, o objetivo é comemorar outros aniversários, mantendo o trabalho de Ludgero e Alcides:
"Motivados pelo entendimento espírita-cristão, esse casal exemplar entendeu que a maior alegria da vida está em proporcionar a felicidade aos outros, principalmente aos que sofrem. Alinhados a sua proposta, procuramos perpetuar essa atitude de desprendimento e de real contribuição a nossa sociedade ainda tão marcada pela desigualdade social", avaliou.
"É uma satisfação muito grande poder contribuir com uma instituição que tem por princípio a melhoria das condições sociais das pessoas. Em cada nova atividade, sentimos que estamos colocando mais um tijolo numa obra em que muitos contribuíram antes de nós. Em cada rosto de satisfação pelo alimento recebido, pelo acolhimento encontrado, pelo emprego conseguido, temos a sensação de cumprimento da proposta de Jesus".
Quadro 'Heróis do Cotidiano' mostra rotina na Sopa dos Pobres em Juiz de Fora
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